Campeonato Brasileiro 2018 - Análise de Performance

Finalmente chegamos ao final do Brasileirão 2018. Mais um campeonato em que se repetem as críticas que infelizmente se tornaram recorrentes nos últimos anos:

- times importantes poupando jogadores devido priorizar as Copas;

- erros constantes de arbitragem;

- nível técnico fraco;

- baixa média de gols/jogo;

- muitas rodadas no meio de semana;

Por outro lado, também tivemos destaques positivos:

- maior média de público dos últimos 30 anos;

- a surreal campanha do Palmeiras desde a chegada de Scolari;

Costumo efetuar essa análise desde 2011 tendo como base o histórico estatístico dos últimos 13 campeonatos brasileiros. Após a R19 e R29 fiz uma análise das perspectivas para o título, G6 e rebaixamento. Finalizado mais um Campeonato Brasileiro da Série A, vamos aos números consolidados de 2018:  

Campeão Brasileiro

Conforme mencionado no post publicado após a R29, a projeção era que o Palmeiras seria o campeão brasileiro devido ao aproveitamento acima da média na R29 (67,8%), em 75% dos campeonatos o líder na R29 foi o campeão, aproveitamento muito acima da média no segundo turno e a melhor campanha como visitante.

• O Campeão Brasileiro, Palmeiras (80 pontos e aproveitamento de 70%), teve o melhor segundo turno da história, igualando ao Corinthians, que fez melhor primeiro turno da história dos pontos corridos, ambos com 82% de aproveitamento, (15V/4E/0D) e mesmo saldo de gols;

• Desde 2012 (Atlético Mineiro), o campeão do primeiro turno não conquistava o título brasileiro. Em 2018 o São Paulo foi o campeão do primeiro turno mas não conseguiu manter a performance no returno;

• A campanha palmeirense foi a quarta melhor de um time campeão desde 2006, empatando em pontos com o Cruzeiro de 2014 e o próprio Palmeiras de 2016, mas o time deste ano teve uma vitória a menos (23V); 

• Em média a campanha do campeão brasileiro é de 22V / 9E /7D. Palmeiras fechou as 38 rodadas com 23V/ 11E/ 4D. Campanha superior à média histórica;

• O campeão brasileiro dos últimos 13 anos teve a melhor defesa em 10 campeonatos, comprovando o ditado: "Ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos";

• Pela quinta vez o campeão teve o melhor ataque e a melhor defesa;

• Mais uma vez o time com melhor campanha como visitante foi o campeão. Palmeiras teve 7 vitórias como visitante, empatado com o Flamengo.. Nos últimos 7 anos o time com maior número de vitórias como visitante foi o campeão;

• Desde 2012 o time campeão perdeu em média 2 vezes como mandante. Palmeiras sofreu apenas 1 derrotas jogando no Allianz Parque, abaixo da média;

• O Palmeiras fez 64 gols, dentro da média do campeão brasileiro dos últimos 13 anos que é de 63 gols;

• Palmeiras tomou 26 gols, a segunda melhor defesa dos pontos corridos, ultrapassando a defesa corintiana de 2017.  Apenas o São Paulo de 2007 levou menos gols. Os 19 gols gols sofridos pela defesa do tricolor paulista em 38 jogos será um grande desafio a ser batido por qualquer time;

• As quatro derrotas do Palmeiras de 2018 empatou com a campanha do São Paulo de 2006, sendo as campanhas com menos derrotas desde 2006.

Mais um campeonato que comprova o que tem sido a melhor receita para ser campeão brasileiro: ter uma ótima defesa e um ataque eficiente além de fazer prevalecer o fator casa e ser o melhor aproveitamento como visitante.

Corrida para o G4

Conforme mencionado no post publicado após a R29, se existisse algum risco de um time sair do G4, esse time poderia ser o São Paulo, devido ao baixo aproveitamento no segundo turno. A probabilidade era que o tricolor paulista não se classificasse para a fase de grupos da Libertadores, perdendo a vaga para o Grêmio.

• O quarto colocado, Grêmio (66 pontos e aproveitamento de 57%), teve performance acima da média, que é de 55%;

• O histórico estatístico se repetiu novamente, com um dos times que estava no G4 na R29 não conseguir a classificação direta para a fase de grupos no final do campeonato.

Mais uma vez podemos observar o que foi projetado no post de 6/10 após a R29, Flamengo, Internacional e Grêmio terminaram no G4. 

Corrida para o G6

Conforme mencionado no post publicado após a R29, São Paulo, Atlético Mineiro e Santos deveriam brigar pelas duas vagas na pré Libertadores, com o Atlético Paranaense correndo por fora devido a boa campanha no returno. 

• O sexto colocado, Atlético Mineiro (59 pontos e aproveitamento de 51%), foi a melhor performance de um sexto colocado desde a criação do G6 em 2016.

Rebaixamento

Mais uma vez, como projetado no post após a R29, quem fizesse 43 pontos deveria se livrar do rebaixamento com muito custo. Sport, Chapecoense, Bahia, Corinthians, Vitória e América Mineiro correriam maiores riscos. 

• O Vasco da Gama, décimo sexto colocado, precisou de um aproveitamento dentro da média histórica para não ser rebaixado (43 pontos / 38% de aproveitamento), com 10V/13E/15D;

•  A média histórica demonstra que 3 times que estão no Z4 na R29 terminam na mesma zona de classificação no final do campeonato. Em 2018, 2 times conseguiram sair do Z4 após a R29 (Chapecoense e Ceará);

• Em média os dois últimos colocados ao término do primeiro turno costumam ser baixados. Neste ano o Ceará quebrou essa regra do penúltimo colocado ser rebaixado, devido a ótima campanha no segundo turno, com 49% de aproveitamento, a oitava melhor campanha do returno.

Em 2018 tivemos dois fatos que quebraram as estatísticas recentes, com o Palmeiras conquistando o título mesmo sem ter vencido o primeiro turno, bem como o Ceará, que foi o primeiro time fora dos 12 times mais tradicionais do Brasil, a conseguir sair do Z4 após terminar na penúltima posição ao final do primeiro turno.

Exceções à regra sempre existem, mas num campeonato onde o aproveitamento é fundamental, existe margem muito pequena para surpresas em um campeonato em que é necessário muito planejamento tanto dentro como fora de campo para se atingir os objetivos traçados no início do campeonato.

Mais uma vez vale a pena ressaltar que uma gestão profissional e competente em todos os segmentos de uma organização esportiva é peça chave para um time obter êxito em um campeonato tão disputado como o Brasileirão e a incompetência é punida com rebaixamento ou posições aquém do que foi investido durante a temporada.