Campeonato Brasileiro 2021 - Análise de Performance

 



Após 17 meses ininterruptos de futebol, finalmente o Brasileirão terminou com uma série de questões muito pouco debatidas, principalmente a ausência de férias e pré-temporada, a não redução de jogos em qualquer um dos campeonatos disputados desde a volta dos jogos em junho/julho de 2020 e com duas  partidas disputadas por semana durante quase todo esse período.

Não se pode avaliar com critérios claros trabalhos que foram executados em condições totalmente adversas, mas devemos elogiar e reconhecer os super heróis que, nas condições que foram expostos, conseguiram superar com êxito a maioria das adversidades.

Voltando às quatro linhas, vamos aos números finais do Brasileirão 2021:

Campeão Brasileiro

Conforme mencionado após a análise na rodada 29, sempre que o líder conquistou no mínimo 59 pontos, o clube foi o campeão. Confirmando o histórico, o Galo bateu campeão com a segunda melhor performance entre os campeonatos com 20 clubes. Foram 84 pontos (73,7% de aproveitamento). Essa campanha só está abaixo do mágico Flamengo de 2019 com 90 pontos (78,9% de aproveitamento). A média histórica é de 77 pontos  (67,5% de aproveitamento).

Conforme as estatísticas apresentadas no início do campeonato, seguem os indicadores finais que apontam o provável campeão pela ordem de frequência:

1) Melhor visitante: Atlético Mineiro (32 pontos)

2) Líder na rodada 29: Atlético Mineiro

3) Melhor defesa: Atlético Mineiro (34 gols)

4) Líder na rodada 19: Atlético Mineiro

5) Melhor ataque: Flamengo (69 gols)
 
Na regressão multivariada as maiores significâncias são as seguintes:

1) Vitórias: Atlético Mineiro (26 vitórias)

2) Saldo de gols: Atlético Mineiro e Flamengo (33 gols)

3) Melhor mandante: Atlético Mineiro (52 pontos)

Dos 8 quesitos o Galo só não foi o melhor ataque, mas foi o segundo com 67 gols. As 26 vitórias e os 52 pontos como mandante também foi a segunda melhor da história, apenas abaixo do Flamengo de 2019 (28 vitórias/ 53 pontos).  

Pela sexta vez vez na história dos pontos corridos com 20 clubes o campeão brasileiro teve a melhor defesa. Desde 2017 o campão brasileiro não tinha a melhor defesa. Sem dúvida foi um campanha histórica e ficará marcada para sempre, ainda mais com o Galo conquistando o seu segundo título do Brasileirão após 50 anos.

G4

Mais uma vez o G4 virou G6, trazendo mais clubes para a disputa mas, por outro lado, como o número de clubes com vagas na Copa Libertadores é muito alto, acaba influenciando na qualidade técnica da Libertadores, pois o sétimo e o oitavo colocado provavelmente não possuem um nível técnico de alto nível para o maior torneio continental da América do Sul.

Nos últimos quinze anos em média 3 dos 4 times que se classificaram para a Libertadores já estavam no G4 na rodada 29.  Nesta edição a mesma situação se repetiu, com o Fortaleza entrando no G4 apenas  na última rodada.

Desde 2006 o aproveitamento para se classificar no G4 é de 56%.  Devido a disputa para a fase de grupos se estender até o sexto colocado, o quarto colocado (Fortaleza) ficou abaixo da média (50,9%), um aproveitamento de G6. Pela primeira vez o quarto colocado ficou abaixo dos 60 pontos. Apenas os 3 primeiros colocados tiveram aproveitamento dentro da média histórica.

Pela regressão multivariada as principais significâncias para o G4 são as seguintes:

1) Vitórias: Atlético Mineiro, Flamengo, Palmeiras, Fortaleza

2) Pontos na rodada 29: Atlético Mineiro, Flamengo, Palmeiras, Red Bull Bragantino

3) Saldo de gols: Atlético Mineiro, Flamengo, Palmeiras, Red Bull Bragantino

4) Pontos como visitante: Atlético Mineiro, Flamengo, Palmeiras, Red Bull Bragantino

O Red Bull Bragantino, por ter focado a disputa da Copa Sul-Americana, acabou não conquistando o G4 apesar de estar entre os 4 melhores em 3 dos 4 itens, mas o Leão do Pici acabou na quarta posição devido as 3 vitórias a mais que o Massa Bruta.

G6

Pela primeira vez na história os seis primeiros colocados conseguiram se classificar diretamente para a fase de grupos. Como mencionado anteriormente, caso esse cenário se repetir, veremos se a pontuação ficará mais elevada ou não.

Como ocorrido no G4, a pontuação do Red Bull Bragantino (56 pontos) ficou abaixo da média histórica (58 pontos). Apenas em 2017 o sexto colocado conquistou o mesmo número de pontos, os dois mais baixos até o momento.

Caso o cenário dos dois últimos anos se repetir com frequência, teremos que aumentar a análise até o oitavo colocado para ver as probabilidades. Neste ano o Fluminense e o América Mineiro vão disputar a fase pré Libertadores como sétimo e oitavo colocados respectivamente.

 Rebaixamento

Após a R29 a projeção demonstrava que os times que corriam mais riscos de rebaixamento eram: Chapecoense, Grêmio, Sport e Juventude, mas o time de Caxias conseguiu uma arrancada espetacular nos últimos 9 jogos e se manteve na Série A e o Bahia acabou rebaixado. 

A média histórica demonstra que 3 times que estão no Z4 na R29 terminam na mesma zona de classificação no final do campeonato. Em 2021 mais uma vez se repetiu o histórico. Também como em 2020, apenas um clube que subiu da Série B foi rebaixado. Até 2019 a média era de 2 clubes rebaixados por edição.

Contrariando a média histórica de 43 pontos para fugir do rebaixamento, a edição de 2021 foi um das mais disputadas, tanto que o Grêmio, décimo sétimo colocado, foi rebaixado com 43 pontos.

Segue abaixo as significâncias finais dos rebaixados:

1) Menos vitórias: Chapecoense, Sport, Cuiabá, Juventude, Bahia

2) Menor saldo de gols: Chapecoense, Sport, Bahia, Juventude

3) Menos pontos na rodada 29: Chapecoense, Grêmio, Juventude, Sport

4) Menos pontos como mandante: Chapecoense, Sport, Cuiabá, Atlético Goianiense

Apesar do Juventude aparecer em 3 dos 4 itens, os gaúchos não foram rebaixados provavelmente devido ao número de derrotas, pois perderam 5 jogos a menos que o Grêmio e 3 a menos que o Bahia. Foram 6 empates a mais que o Grêmio e 3 mais que o Bahia.

Após seis anos com apenas Corinthians, Flamengo e Palmeiras conquistando os títulos brasileiros, o Galo quebrou a regra e levou novamente o título para Minas Gerais.  Os mineiros podem se consolidar entre os grandes protagonistas do Brasil, mas ainda com uma dúvida se irão substituir o Corinthians no trio ou, caso o Corinthians voltar a ter maior protagonismo como deu sinais em 2021, podemos ter um quarteto de postulantes.

Outro paradigma que começa a ser questionado é referente a boa gestão financeira, que até há alguns anos era um grande diferencial. Com raras exceções, quase todos os clubes estão buscando melhoria na gestão em geral e o rebaixamento do Grêmio e do Bahia demonstram que, caso não houver uma boa gestão do futebol, apenas uma boa gestão financeira e nas demais áreas podem não ser mais suficiente para um clube não correr risco de rebaixamento.

Já faz alguns anos que se menciona que uma nova ordem ocorrendo no futebol brasileiro, com clubes de muita história e conquistas passadas não sendo mais protagonistas e alguns deles até rebaixados e não subirem para a série A no ano seguinte, como Vasco e Cruzeiro.

A classificação final do Brasileirão de 2021 é um primeiro indicativo que uma nova ordem realmente pode se consolidar no futebol brasileiro em um futuro breve, com Athletico , bi campeão da Copa Sul-Americana, Red Bull Bragantino, vice campeão da Sul-Americana, Fortaleza e Ceará, com muito boa gestão e torcidas gigantes, a boa gestão do América Mineiro, que está se preparando para se transformar em S/A, o Atlético Goianiense e o Cuiabá, que já é um clube empresa, cada vez mais ganhando espaço no cenário nacional e continental.

Como o futebol não é uma ciência exata, é provável que alguns times que não tenham efetuado esse trabalho possam conquistar títulos, mas, em torneios como o Campeonato Brasileiro por pontos corridos, essa situação será cada ano mais improvável, a não ser em anos atípicos.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Balanço Primeiro Turno Brasileirão 2012

O consumo per capita das maiores torcidas do Brasil

Preto e Branco ou Colorido?