Dinheiro e sucesso: Análise da eficácia na gestão dos custos com futebol no Brasileirão 2020

 


Nesta semana começaram a sair as publicações referentes aos balanços de 2020 dos times brasileiros. Como publicado nos anos anteriores, efetuei novamente as análises utilizando a mesma metodologia do CIES. 

O ranking é baseado no GAP (diferença entre a classificação final do Campeonato Brasileiro da série A e a posição no ranking de custos com o futebol na temporada 2020. Quanto maior o GAP, melhor a performance e vice-versa. Os dados foram coletados no do relatório do relatório da Sports Value  (custos com futebol). Vamos ao ranking:





Mais eficazes: Internacional, Atlético GO, Fluminense, Ceará, Red Bull Bragantino, Atlético MG, Fortaleza e Grêmio.

Entre os oito mais eficazes, grande destaque para Internacional, Atlético GO e Fluminense. O Atlético GO, mesmo com o menor custo com futebol entre todos os participantes, conseguiu com R$ 48 milhões se manter na divisão de elite, superando equipes de maior tradição e investimento. O Colorado, mesmo com o oitavo maior custo com futebol, superou seis equipes com maior investimento e terminou com o vice campeonato. Em comparação a 2019 o Internacional reduziu em 11% as despesas, sinal de uma melhor eficácia na gestão dos recursos.

Outro time com eficácia muito alta foi o Fluminense, que conseguiu se classificar para a Copa Libertadores da América mesmo com o décimo maior custo com futebol. Como os gaúchos, o Tricolor das Laranjeiras reduziu em 15% as despesas com futebol e terminou a competição nove posições acima do que na temporada anterior. Mérito para a gestão do futebol, que soube tirar o melhor do seu elenco recheado de jovens das categorias de base.

O Ceará cada vez mais se consolida na Série A e em 2020 obteve sua melhor classificação desde que subiu da Série B. O Vozão praticamente manteve os mesmos custos de 2019, mas teve como resultado desta estratégia a classificação para a Copa Sul-Americana. O time de Bragança Paulista, retornando a Série A depois de um longo período, conseguiu ser muito eficaz e também obteve como prêmio a classificação para a Copa Sul-Americana.

Mais eficientes: Flamengo, São Paulo e Athletico.

Os três times foram aqueles que atingiram os objetivos de acordo com seus custos. O Flamengo, com seu elenco repleto de grandes jogadores com grandes salários, mesmo com percalços dentro de campo, no final conseguiu terminar a competição com o título, algo que era esperado desde o início do campeonato.

O Tricolor Paulista, que liderou a competição por várias rodadas, por falta de um elenco mais equilibrado, na hora decisiva acabou perdendo terreno, mas mesmo assim foi eficiente de acordo com seus custos com futebol, assim como o Furacão.

Mais ineficientes: Corinthians, Botafogo, Palmeiras, Coritiba, Vasco, Bahia, Santos e Goiás.

Se o Internacional e o Atlético Goianiense foram muito eficientes com os recursos disponíveis, por outro lado o Corinthians e Botafogo demonstraram grande ineficiência. Com o terceiro maior custo com futebol, o Timão não terminou a competição nem entre os 10 primeiros, demonstrando quanto os recursos foram mal utilizados tanto nos valores das contratações bem como com a performance dos atletas contratados. Para reforçar a ineficiência, o Alvinegro gastou R$ 8 milhões a mais do que na última temporada.

O Fogão fez pior pois, mesmo com aumento de R$ 5 milhões nos custos com futebol em relação a 2019, foi rebaixado na última colocação, gastando mais do que sete dos seus adversários. Os dois Alvinegros exemplificam bem como uma má gestão dos recursos pode trazer sérias consequências esportivas. 

O Palmeiras aparece como o terceiro time mais ineficiente, mas o Verdão possui alguns atenuantes, pois priorizou a Copa do Brasil e a Copa Libertadores da América, onde foi o campeão das duas competições, além de um calendário extremamente apertado devido estar disputando três competições simultaneamente. Parte desta ineficiência pode ser creditada à campanha do primeiro turno, onde o time era comandado por Vanderlei Luxemburgo, que foi demitido justamente por não ter sido competente para que o time pudesse obter resultados melhores. 

Coritiba, Vasco e Goiás flertaram com o perigo, pois seus orçamentos não eram tão elevados e, por ineficiência na gestão, foram rebaixados. O Vasco reduziu em 23% os custos com futebol e acabou pagando com o rebaixamento. O Bahia também flertou com o risco de rebaixamento até a penúltima rodada, mesmo com o décimo primeiro maior orçamento e com os custos praticamente iguais a 2019. Provavelmente a competente gestão do Tricolor de Aço deverá tomar ações para corrigir os erros cometidos em 2020.

Após cinco anos efetuando esta análise, é possível perceber quais times estão sendo recorrentes em eficácia, e o time que esteve mais vezes nesta posição foi o Grêmio, com quatro aparições, sendo possível considerar o Imortal o time mais eficaz do Brasil nos últimos 5 anos. Com três aparições há uma lista maior: Santos, Internacional, Athletico, Bahia, Botafogo e Chapecoense.

Ao se considerar o TOP 3 dos cinco anos, o Santos aparece três vezes entre os mais eficazes, seguido pelo Internacional com duas aparições.

Referente aos times mais ineficientes dos últimos cinco anos, Corinthians e Fluminense com quatro aparições podem ser considerados os times mais ineficientes nos últimos cinco anos, seguidos por Coritiba, Cruzeiro, São Paulo, Vitória e Palmeiras, com três presenças entre os ineficientes. 

Ao se considerar o Z3, os mais ineficientes são Cruzeiro e Corinthians, com três aparições.

Nos últimos 10 anos cinco times foram campeões brasileiros com maior faturamento do Brasil mas, nos últimos 3 anos, em todas edições o campeão brasileiro foi o time com maior faturamento. Sinal que a eficiência na gestão está cada vez mais sendo primordial para os resultados esportivos.

Como é possível perceber, está ficando cada vez mais difícil para equipes com baixo faturamento conseguir êxito no campeonato brasileiro, não que isso seja impossível, mas sim improvável, exemplos de Internacional e Fluminense na última edição.

Os dados deste ranking servem como parâmetro para o torcedor avaliar que apenas com uma gestão bem-feita é possível se atingir resultados sustentáveis e uma conquista esporádica de um título pode mascarar uma má gestão. Por outro lado, nem sempre um time que não conquista títulos tem uma má gestão. Nesses casos, saber se comunicar muito bem com seus torcedores e trabalhar seus atributos, valores e propósitos, pode ser muito bem aceito e ter o sabor de uma conquista.






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