Dinheiro e sucesso: Análise dos times mais e menos eficazes na gestão dos recursos com jogadores no Brasileirão 2018




Na semana passada saiu a análise dos balanços de 2018 dos times brasileiros efetuada pelo Itaú BBA. Como publicado nos dois últimos anos, efetuei novamente a mesma análise utilizando a mesma metodologia do CIES. 

O ranking é baseado no GAP (diferença entre a classificação final do Campeonato Brasileiro da série A e a posição no ranking de salários). Quanto maior o GAP, melhor a performance e vice-versa.

Para chegar a um dado padrão dos gastos com salários, ao invés de considerar os gastos anuais, foi considerado oito meses de salários, pois o Campeonato Brasileiro de 2018 foi disputado a partir da segunda quinzena de abril e terminou na primeira semana de dezembro.

Os dados de gastos com salários foram coletados no do relatório do Itaú BBA no gráfico da despesa com pessoal (salários e direitos de imagem). Vamos ao ranking:

Podemos observar que, por essa avaliação, Athletico, Grêmio, Internacional, Botafogo e Bahia fazem parte do TOP 5 em termos de eficácia nos gastos no departamento de futebol x performance no Brasileirão 2018. Após dois anos seguidos, a Chape saiu do TOP 5, mas mesmo assim foi eficiente nos seus gastos.

O Athletico, como um furacão, subiu da décima colocação em 2017 para a liderança no ano passado, atingindo a sétima colocação no Campeonato Brasileiro, mesmo com a décima quinta folha salarial entre todos os times da Série A. Provavelmente o Furacão atingiria posição mais alta na tabela caso não priorizasse a Copa Sul-Americana, onde o time se sagrou campeão.

Foco nas categorias de base, em jogadores de excelente custo benefício, manutenção de despesa com pessoal estável nos últimos 3 anos, além de treinadores muito competentes estão mostrando que é uma receita muito eficaz para times com orçamentos e faturamentos bastante inferiores aos times TOP 5 em receitas recorrentes, caso do Athletico.

Outro destaque é o tricolor gaúcho, segundo time mais eficaz do ranking. O Grêmio reduziu suas despesas com pessoal, caindo do quinto para o décimo lugar no ranking de salários, e mesmo assim atingiu a quarta posição, igual ao ano anterior e subindo da nona para a segunda posição no ranking. Como o Athletico, o tricolor gaúcho também poderia ter conseguido atingir melhor colocação no campeonato caso não tivesse priorizado a Copa Libertadores, onde chegou até a semifinal.

Em termos de eficácia, vale também destacar o Botafogo e Chapecoense, por continuarem pelo terceiro ano consecutivo entre os times mais eficazes, além do Bahia pelo segundo ano consecutivo. Destaque também para Internacional e Ceará, que vieram da Série B e tiveram eficácia na gestão das despesas com pessoal.

Em termos de eficiência, Flamengo e Atlético Mineiro são os destaques, subindo sete e cinco posições no ranking respectivamente. No caso do rubro negro, o principal motivo foi a melhor classificação no campeonato, pois manteve o terceiro lugar no ranking de despesa com pessoal. Já o Galo reduziu sua folha salarial e mesmo assim teve melhor classificação no campeonato do que em 2017.

Entre os times mais eficientes o Palmeiras merece destaque pois foi o campeão brasileiro e também o campeão em despesas com pessoal. Por sinal houve um forte investimento em jogadores em comparação aos demais times.  América Mineiro, São Paulo, Paraná, Santos, Fluminense e Vitória também foram eficientes, pois chegaram em posições similares às despesas com pessoal.

Destaque positivo para o tricolor paulista, que subiu seis posições no ranking mesmo reduzindo a folha de pagamento, sendo o quinto maior em despesas com pessoal, conseguindo melhor colocação no campeonato do que em 2017.

Entre os destaques negativos, podemos verificar que o Santos caiu doze posições no ranking, principalmente devido a performance no campeonato, pois manteve as despesas com pessoal semelhantes ao 2017.

Além do Peixe, podemos observar que entre as quatro menores despesas com pessoal, três equipes foram rebaixadas:   América Mineiro, Paraná e Vitória. Esses dados demonstram uma possível correlação entre menores despesas com pessoal e riscos de rebaixamento. Mais um motivo para destacar a excelente gestão do Ceará, que era o décimo sétimo em despesas com pessoal e terminou a décima quinta posição.

Entre as equipes mais ineficientes do ranking, destaque negativo para o Corinthians, que caiu 13 posições.  O campeão brasileiro de 2017, com muita eficiência na gestão dos custos com pessoal, teve um 2018 desastroso nesse quesito, pois aumentou suas despesas com pessoal, se manteve na quarta posição e teve desempenho muito abaixo, terminando o campeonato em décimo terceiro lugar.

Outra equipe com alta folha salarial e que não correspondeu com desempenho em campo no Campeonato Brasileiro foi o Cruzeiro. A Raposa teve queda de onze posições no ranking, ficando entre as piores posições.  Os mineiros foram o segundo time com maior aumento de despesas com pessoal, saindo da sétima para a segunda maior folha salarial do Brasil e mesmo assim terminou na oitava colocação do campeonato. Um dos possíveis motivos foi a priorização das Copas, mas mesmo assim, devido ao alto custo do elenco, era possível conseguir melhor colocação no campeonato.

Depois do Corinthians, a equipe com maior queda no ranking foi o Vasco da Gama, caindo quinze posições. O Gigante da Colina, apesar de reduzir sua despesa com pessoal, teve a oitava maior folha de pagamento, sofreu para não cair para a Série B, ficando na décima sexta colocação.

O Sport Recife demonstrou falta de gestão dos recursos, pois com a décima terceira maior folha de pagamento, não foi competente para se manter na série A, provando que será necessário mudar drasticamente a gestão na atual temporada.

Nos últimos oito anos, apenas o Corinthians em 2011 e Palmeiras em 2016 e 2018 foram campeão brasileiro sendo o time com maior faturamento do Brasil.  Mas nos últimos 3 anos, em duas edições o campeão brasileiro foi o time com maior faturamento.

De acordo com o relatório, nos três últimos anos os campeões brasileiros estavam entre as cinco maiores receitas.  Nos últimos dois anos, oito dos dez melhores colocados do Brasileiro estavam entre as dez maiores receitas recorrentes, além dos seis primeiros estarem entre as dez maiores receitas do Brasil nos últimos dois anos.

Como é possível perceber, está ficando cada vez mais difícil para equipes com baixo faturamento conseguir êxito no campeonato brasileiro, não que isso seja impossível, mas sim improvável.

Parabéns ao Athletico e ao Grêmio pela eficácia na gestão dos recursos, além da Chape Botafogo e Bahia por estarem entre os mais eficazes por no mínimo dois anos consecutivos, demonstrando sinais de sustentabilidade e continuidade na estratégia adotada. Flamengo e Atlético Mineiro demonstraram eficiência e foram premiados com boa performance em campo.  Vale destacar  Palmeiras e São Paulo por conseguirem extrair em campo a eficiência dos recursos aplicados.

Os dados deste ranking servem como parâmetro para o torcedor avaliar que apenas com uma gestão bem-feita é possível se atingir resultados sustentáveis e uma conquista esporádica de um título pode mascarar uma má gestão. Por outro lado, nem sempre um time que não conquista títulos tem uma má gestão. Nesses casos, saber se comunicar muito bem com seus torcedores e trabalhar seus atributos, valores e propósitos, pode ser muito bem aceito e ter o sabor de uma conquista.




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