Os principais pilares para melhoria do produto futebol no Brasil
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Show do Intervalo Super Bowl LIV |
No último domingo tivemos mais um espetáculo de Sportanainement com o Super Bowl LIV. O emocionante jogo entre Chiefs e 49ers rendeu a décima maior audiência da história com maior pico no show do intervalo com Shakira a Jennifer Lopes.
Conforme escrevi na semana passada, vários dos itens citados nas pesquisas coletadas puderam ser verificados na prática:
- Entretenimento
- Experiência
- Festivalização
- Fãs compartilhando conteúdos
- Alta performance dos principais atletas
Sabemos que o Super Bowl é um evento único e consolidado, além de fazer parte de uma cultura esportiva totalmente diferente da que encontramos no Brasil e na América do Sul. Por outro lado, a pergunta que fica no ar é:
Como fazer com que os eventos esportivos no nosso continente possam ser percebido com maior valor agregado pelas as atuais e novas gerações de torcedores?
Seguem alguns tópicos que creio que são fundamentais e deveriam ter maior atenção por parte de todos os stakeholders:
1) Entretenimento: nesse quesito ainda precisamos evoluir bastante. As novas arenas quase não possuem espaços que façam com que os torcedores cheguem mais cedo ou saiam mais tarde dos jogos. Um ponto que é praticamente unânime em várias pesquisas que já efetuei é a questão do consumo de bebidas alcoólicas e melhores serviços de alimentação. Esses dados corroboram com a pesquisa "Os Estádios e Arenas do Futebol Brasileiro e o legado da Copa do Mundo de 2014: o padrão FIFA o consumidor do esporte e do entretenimento" (Rocco e Mazzei), onde alimentação e bebida foram um dos fatores mais citados como uma restrição para os torcedores não irem aos jogos.
2) Festivalização: como transformar os jogos de futebol em um evento com alimentação e bebidas de qualidade, espaço para compras, shows, se o comportamento de muitos torcedores que vão aos jogos é contrário a esse tipo de mudanças? A sensação de insegurança e violência são os dois principais fatores que afastam os torcedores dos estádios conforme os dados da mesma pequisa efetuadas por (Rocco e Mazzei). Há um grande paradoxo entre as tendências do Sportainment e as percepções de violência e insegurança por parte de uma grande porcentagem da população com poder de compra mas que não se sente seguro e atraído para ir aos jogos de futebol.
3) Lealdade aos atletas: outro grande desafio, pois o futebol sul americano é exportador, onde as vendas de jogadores é a segunda maior fonte de receita dos times visando fechar as contas ano após ano. Sem vínculos com os atletas há um enorme desafio para os organizadores dos campeonatos e dos dirigentes dos times em atrair mais público para os jogos e também consumir mais produtos das suas respectivas marcas. Atletas de qualidade também fazem parte do entretenimento e da festivalização, trazendo mais qualidade e emoção para os jogos.
4) Calendário /Campeonatos / Fórmula de Disputa: outro tema que sempre é recorrente em discussões sobre melhorias no futebol brasileiro. Excesso de jogos, jogos/ campeonatos sem atratividade, times colocando reservas em vários jogos, falta de treinamento, ritmo dos jogos mais lento, jogos sem principais jogadores pois não há parada completa nas datas FIFA. Todos esses fatores acabam impactando no afastamento do torcedor dos estádios bem como a concorrência dos campeonatos internacionais ou outros tipos de entretenimento, principalmente via streaming.
5) Preços dos ingressos: esse é um tema polêmico, pois quando os resultados em campo, o tipo de campeonato, a posição da tabela, os jogadores em campo são atrativos, não se vê muitas reclamações dos preços. Neste tema, muito mais do que o preço em si, o valor percebido por parte do torcedor pelo produto ofertado é o principal ponta a ser avaliado. Se os quatro temas acima somados à questão da violência serem melhor trabalhados, provavelmente a percepção de valor dos ingressos não deveria ter impacto tão relevante, a não ser para pessoas de menor poder aquisitivo, que mesmo na atual realidade, possuem dificuldades de frequentar os jogos.
6) Mulheres: o futebol feminino bem como o aumento da frequência das mulheres nas arenas é algo que precisa de uma visão estratégica de longo prazo, pois existe um grande potencial de mercado, como visto na Copa do Mundo Feminina de 2019 e só um projeto de longo prazo para que esse potencial seja realmente traduzido em consumo e aumento de consumo de produtos e serviços por parte do público feminino.
Este debate é muito amplo e possui muito mais fatores que podem fazer parte dos pontos de melhoria do produto futebol no Brasil. Com maior profissionalização na gestão, estamos vendo lentamente uma maior foco no atendimento e na melhoria dos serviços dos torcedores. O comparecimento de público no campeonato brasileiro está crescendo nos últimos 2 anos, tanto que a média histórica dos principais nos últimos seis anos está mais alta do que a média histórica publicada nesta semana.
Considero que seja fundamental consolidar os seis itens acima para que haja uma melhoria mais significativa no aumento de público nas arenas, principalmente pensando na geração Z, os futuros consumidores e que em breve serão maioria na geração entre 20 e 30 anos, a faixa etária que mais frequenta os jogos no Brasil.
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