A Era do Entretenimento Esporte Clube
"Talvez estejamos nos tornando mais parecidos com a Disney do que com times de futebol tradicionais, somos um grupo de entretenimento porque somos capazes de fornecer entretenimento dentro e fora do campo ao redor do mundo." (Omar Berrada - CFO do City Football Group)
A frase acima encerra a excelente matéria do Sports Pro publicada no início desta semana. Esporte e entretenimento estão se convergindo em um único produto há alguns anos, o Sportainment nunca esteve tão real essa mistura como nos últimos anos.
A estratégia do City Football Group (CFG) em se autodenominar um grupo de entretenimento provavelmente está focada nas novas gerações, nas mudanças de formas de consumo e nas tendências de mercado. Como qualquer organização, o CFG está alinhando sua estratégia com o novo mercado de consumo.
Na esteira desta mudança está a Geração Z, que hoje estão com idade entre 16 e 24 anos e que terá a cada ano maior participação no forma de consumir produtos e serviços.
Em uma pesquisa recente da Nielsen Sports sobre os hábitos de consumo da Geração Z, algumas mudanças significativas de hábitos de consumo já estão sendo monitorados:
- Altas expectativas com experiências de entretenimento;
- São mais leais aos atletas do que aos times;
- Preferem conteúdos mais curtos do que assistir ficar muito tempo assistindo a um jogo;
- Tem renda disponível para gastar com acessórios de luxo;
- Pagam por conteúdo esportivo de qualidade;
- Preferem esportes com ritmo mais rápido (ex: futebol, basquete, MMA, surf, hóquei, esportes radicais);
- Assistem esportes via plataformas de streaming;
- Festivalização dos eventos esportivos: shows, festivais gastronômicos, compras, comida e bebida de qualidade, diferentes formas de assistir ao jogo e wi-fi de qualidade.
Os tópicos acima possuem alta correlação com uma empresa de entretenimento do que com um tradicional jogo de futebol ao redor do mundo.
No recente relatório Football Money League, também é possível detectar essa tendência, principalmente devido ao limite de aumento de receitas com cotas de TV, matchday e patrocínio. As receitas provenientes dos torcedores são as que tem maior potencial para aumentar substancialmente. Algumas das observações convergem com o relatório da Nielsen Sports:
- Entender as diferentes demandas de fãs;
- A Geração Z dá muita importância para a marca e propósito e se conecta mais com o jogador do que com o clube, principalmente os que moram mais longe da cidade sede;
- 75% dos 20 times europeus com maior faturamento da última temporada tem menos seguidores no Instagram do que os jogadores mais famosos;
- Necessidade de criar mais conteúdos e mais curtos: entrevistas com jogadores, treinamentos, bastidores, melhores momentos, etc;
- Criar mais conteúdos exclusivos com os jogadores;
- Encorajar os fãs a criar e compartilhar conteúdos;
- Entregar experiências personalizados;
- Transmissões esportivas mais interativas, com estilo de video game;
- Estádio com hotel, restaurante, lojas, shows, museu, espaços de coworking para aumentar presença de fãs além dos dias de jogos;
- Criar experiências de matchday em cidades e países distantes do local das partidas.
Os itens acima mencionados no Football Money League da Delloite estão muito alinhadas com uma empresa de entretenimento do que um simples jogo de futebol, como também citado no relatório da Nielsen Sports.
Um outro relatório " A New Age of Sports" do Sports Innovation Lab, também vai para o mesmo caminho. De acordo com o report, esta será a geração do Fã Fluido. As novas tecnologias estão moldando esse novo tipo de fã, com comportamentos e expressões menos arraigados do que das gerações anteriores. Seus gostos são temporários, sem ser definitivos, e se sentem a vontade com a ideia de que sua identidade é múltipla, com diferentes identidades em diferentes contextos. De acordo com a pesquisa essa nova geração de fãs são:
- Abertos para mudanças;
- Alternam de alianças;
- Transmídia (consomem qualquer tipo e forma de mídia);
- Fazem parte de grupos sociais dinâmicos e de comunidades de fãs digitais;
- São consumidores mas também criadores;
- Seguem os jogadores ao invés dos times;
- Priorizam valores, não vitórias;
- Não possuem identidade fixa, mas contextual.
Como conclusão o relatório sugere que as formas de consumir as mídias sejam acessíveis, interativas e sociais, as arenas tenham conectividade, mais opções de entretenimento e experiências e que seja criada uma nova forma de monetizar as novas gerações.
Os dados das três pesquisas demonstram os desafios e também as oportunidades de aumentar, reter e fidelizar a Geração Z, mas fica claro que o formato deve ser totalmente diferente do que já foi efetuado até o momento e com foco no entretenimento, na festivalização, na experiência. O City Football Group está alinhado com essas tendências e sua autodenominação como uma empresa de entretenimento está totalmente coerente com as demandas da Geração Z.
O grande desafio, principalmente para as ligas e times que ainda não iniciaram esta radical mudança na forma de entender e enxergar o negócio esporte com entretenimento, é conseguir atrair as novas gerações para sua base de fãs, com essa enorme concorrência e com um nível de qualidade e know how superior.
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