Campeonato Brasileiro 2023: Análise de Performance





A temporada 2023 do futebol brasileiro se encerrou neste dia 6/12, uma data além do previsto devido a necessidade de encaixar no calendário uma série de jogos atrasados durante o segundo turno. Devido ao calendário inchado e com a CBF decidindo por retirar apenas duas datas das três que a data FIFA utiliza, tivemos um segundo semestre com uma sequencia de 9 jogos em 4 semanas, o que acaba afetando o desempenho e a qualidade dos jogos.

A edição de 2023 saiu completamente do histórico estatístico, com o Botafogo, líder em praticamente todos os quesitos até a R29, foi derretendo sua vantagem e acabou perdendo força na reta final, terminando em quinto lugar e alterou toda a dinâmica que costuma ocorrer no Brasileirão. A edição de 2023 foi uma das exceções a regra em termos de disputa do título, mas também houve maior disputa pelo G4 pois nesta edição não houve G5 nem G6, elevando a pontuação média.

Conforme estimado no post publicado após a R32, algumas projeções se concretizaram:

  • Decisão do título na última rodada;
  • Futuro campeão estava no G4;
  • A média de pontos na R32 do futuro campeão foi de 58 pontos.

Vamos aos dados finais de cada um dos grupos de disputa:

Campeão

Pela primeira vez o líder na R29 que conquistou no mínimo 59 pontos não foi o campeão. O Botafogo conquistou apenas 5 pontos nas últimas 9 rodadas, enquanto o Palmeiras, numa arrancada final, conquistou 20 pontos. O Palmeiras conquistou o Brasileirão com o segundo pior aproveitamento (61%), apenas abaixo do Flamengo em 2009, com aproveitamento de 59%.

Conforme as estatísticas apresentadas seguem os indicadores finais que apontam o provável campeão pela ordem de frequência:

1) Melhor visitante: Flamengo (31 pontos)

2) Líder na rodada 29: Botafogo

3) Melhor defesa: Atlético MG (32 gols)

4) Líder na rodada 19: Botafogo

5) Melhor ataque: Palmeiras (64 gols)

Na regressão multivariada as maiores significâncias são as seguintes:

1) Vitórias: Grêmio (21 vitórias)

2) Saldo de gols: Palmeiras (31 gols)

3) Melhor mandante: Palmeiras (44 pontos)

Os 8 quesitos ficaram divididos em quatro clubes, e o campeão Palmeiras fez a lição de casa ao ser o melhor mandante e ter o melhor ataque. O saldo de gols foi um diferencial, tanto que na última rodada o Palmeiras poderia até perder e ser campeão pois a diferença era muito grande para os concorrentes ao título. Apesar de não ter sido melhor defesa nem ter o maior número de vitórias, o Verdão foi o segundo nos dois quesitos, o que foi fundamental para a conquista.

Pela quarta vez na história dos pontos corridos com 20 clubes o campeão brasileiro teve o melhor ataque, mas não a melhor defesa. Ser campeão apenas como melhor ataque não é o padrão. Em 6 edições o campeão foi o time com melhor ataque e defesa e em outras 6 edições foi o time com melhor defesa.

G4

Desde 2018 não havia um G4 e com disputa até a última rodada, elevando o aproveitamento para 58%, acima dos 55% da média histórica. Apenas em 2014 o Corinthians terminou na quarta posição com 60%, o recorde até o momento.

Pela regressão multivariada as principais significâncias para o G4 são as seguintes:

1) Vitórias: Grêmio, Palmeiras, Flamengo, Atlético MG

2) Pontos na rodada 29: Botafogo, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Flamengo

3) Saldo de gols: Palmeiras, Botafogo, Atlético MG, Flamengo, Red Bull Bragantino 

4) Pontos como visitante: Flamengo, Atlético MG, Cuiabá, Cruzeiro

Contrariando o histórico dos últimos dezesseis anos, nesta edição dois clubes que não estavam no G4 na R29 terminaram entre os quatro primeiros e pela primeira vez o líder e o vice líder na R29 terminaram a competição fora do G4. Apenas o Palmeiras em 2009, líder na R29, terminou fora do G4.

G6

Como ocorrido no G4, nesta edição o G6 não foi ampliado. Pela primeira vez líder e vice líder na R29 terminaram fora do G4, fato inédito. A pontuação do Red Bull Bragantino (62 pontos) foi a segunda mais alta para um sexto colocado, demonstrando como foi acirrada a disputa.

Rebaixamento

Após a R29 a projeção demonstrava que os times que corriam mais riscos de rebaixamento eram: América, Coritiba, Goiás e Vasco. O Vasco conseguiu 5 pontos a mais que o Santos nas últimas 9 rodadas e se livrou do rebaixamento. O Bahia saiu no Z4 na última rodada, mas fez os mesmos 10 pontos que o Santos nas últimas 9 rodadas. Como o tricolor baiano tinha um ponto a mais que o Santos na R29, foi suficiente para se livrar do rebaixamento.

A média histórica demonstra que 3 times que estão no Z4 na R29 terminam na mesma zona de classificação no final do campeonato. Em 2023 mais uma vez se repetiu o histórico. 

Como nos últimos 3 anos, apenas um clube que subiu da Série B foi rebaixado. Até 2019 a média era de 2 clubes rebaixados por edição.

Contrariando a média histórica de 43 pontos para fugir do rebaixamento, na edição de 2023 o Bahia se livrou com 44 pontos. Segue abaixo as significâncias finais dos rebaixados:

1) Menos vitórias: Coritiba, Bahia, América MG, Vasco

2) Menor saldo de gols: América MG, Coritiba, Santos, Goiás

3) Menos pontos na rodada 29:  América, Coritiba, Vasco, Goiás

4) Menos pontos como mandante:  Coritiba, América MG, Cruzeiro, Goiás

Santos, Vasco e Bahia disputaram praticamente até o último minuto a permanência na Série A mas o Peixe acabou sendo menos competente, perdendo o jogo para o Fortaleza em casa, enquanto Vasco e Bahia venceram seus jogos, o que acabou definido a classificação.

Já faz alguns anos que se menciona que uma nova ordem ocorrendo no futebol brasileiro, com clubes de muita história e conquistas passadas não sendo mais protagonistas e alguns deles até rebaixados.  A classificação final do Brasileirão de 2023 mais uma vez mostra que uma nova ordem realmente pode se consolidar no futebol brasileiro.

Como mencionado no final do ano passado, projetos como do Fluminense, Athletico, Fortaleza e Red Bull Bragantino estão se consolidando ano a ano, tanto que o Fluminense venceu a Libertadores pela primeira vez, o Fortaleza foi vice campeão da Copa Sudamericana, Red Bull Bragantino mais uma vez se classificou para a Libertadores.

Além disso estamos observando trabalhos como do São Paulo e do Botafogo, que estão crescendo e podem dar frutos em breve consecutiva, além observar a evolução das SAFs do Vasco, Cruzeiro e Bahia.

Como o futebol não é uma ciência exata, é provável que alguns times que não tenham efetuado esse trabalho possam conquistar títulos, mas, em torneios como o Campeonato Brasileiro por pontos corridos, essa situação será cada ano mais improvável, a não ser em anos atípicos como em 2023. 

 


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