Copa do Brasil: Chegou a hora de rever a vantagem do empate para os visitantes?



Nas duas últimas semanas foi realizada a primeira fase da Copa do Brasil. O torneio é o mais inclusivo do país, envolvendo clubes de diferentes divisões nacionais e clubes sem divisão e é disputado em todos os estados brasileiros.

Vários clubes novos, com projetos estruturados e com gestão profissional foram apresentados para o cenário nacional pela primeira vez e que se classificaram para a segunda fase, conforme a relação abaixo:

  • Azuriz: clube empresa da cidade de Marmeleiro - PR, fundado em 2018
  • Nova Venécia: clube de Nova Venécia -ES, fundado em 2021 e tem o jogador Richarlison do Everton, natural da cidade, como embaixador
  • Real Nordeste Capixaba: clube empresa da cidade de Águia Branca - ES, fundado em 2008
  • Altos: clube da cidade de Altos - PI, fundado em 2013
  • Globo: clube da cidade de Ceará Mirim - RN, fundado em 2012
  • Tuntum: clube da cidade de Tuntum - MA, fundado em 2021
  • Futebol Clube Cascavel: clube da cidade de Cascavel - PR, fundado em 2008

Outros clubes com fundação recente, mas que não se classificaram são os seguintes:

  • Maricá: clube da cidade de Maricá - RJ, fundado em 2017. Perdeu para o Guarani de Campinas por 1 x0.
  • Humaitá: clube da cidade de Porto Acre - AC, fundado em 2003. Empatou com o Brasiliense por 2 x 2.
  • Nova Iguaçu: clube da cidade de Nova Iguaçu - RJ, fundado em 1990. Empatou com o Criciúma por 0 x 0.
  • Sousa: clube da cidade de Sousa - PB, fundado em 1991. Empatou com o Goiás por 1 x 1.
  • Costa Rica: clube da cidade de Costa Rica - MS, fundado em 2004. Perdeu para ABC por 3 x 0.
  • Lagarto: clube da cidade de Lagarto - SE, fundado em 2009. Empatou com o Figueirense por 0 x 0.
  • Porto Velho: clube da cidade de Porto Velho - RO, fundado em 2018. Perdeu para o Juventude por 2 x 1.

Além dos sete clubes fundados no Século XXI que se classificaram, quatro dos sete clubes que não se classificaram foi devido ao regulamento, que dá vantagem do empate para os visitantes. Esse sistema não é o mesmo adotado nos principais países da Europa. Nas Copas desses países o regulamento não dá nenhuma vantagem aos visitantes. Em caso de empate a decisão é na cobrança de pênaltis.

Os clubes de melhor desempenho no ranking precisam mostrar sua superioridade no campo, enquanto os clubes mandantes, além de terem a oportunidade de receberem grandes marcas em seus acanhados estádios, conseguem uma receita com bilheteria adicional e medem forças com grandes clubes.

Chegou a hora de rever essa cláusula do regulamento da Copa do Brasil, como na Europa,? 

Dessa forma poderíamos ver mais projetos de futebol estruturados conseguindo avançar na competição sem a necessidade de "proteger" os clubes melhores ranqueados e perceber com mais nitidez algumas transformações na cadeia de forças do futebol brasileiro, incentivando cada vez mais investimento em novos projetos.

Dessa forma, surpresas como as eliminações da dupla Gre-Nal na primeira fase não seriam tratadas como catástrofe, mas sim consequência de projetos de futebol estruturados e que podem conseguir mais destaque no futebol brasileiro, além do regulamento, sem a vantagem do empate para o visitante, dar mais possibilidade dos clubes menores se classificarem com o apoio da sua torcida.

Mesmo com o atual regulamento, a edição de 2022 mostra que o número de clubes mandantes classificados foi o maior desde a criação do jogo único nas duas primeiras fases, conforme tabela abaixo:

Ano

Mandante

Visitante

Empates

2017

13

27

7

2018

10

30

13

2019

11

29

13

2020

11

29

14

2021

8

32

8

2022

16

24

10

`
Podemos observar que em 2021, sem presença de público, foi a edição com maior número de visitantes classificados e com menor número de empates. Isso demonstra quanto a presença de público pode impactar no desempenho e no resultado das partidas.

Referente à questão da vantagem do empate para o visitante, também é possível perceber que, sem considerar a edição de 2021, em média 40% dos visitantes se classificaram com a vantagem do empate. É provável que o número de mandantes classificados seria maior caso não houvesse essa cláusula no regulamento, além dos clubes visitantes terem outra postura, pois necessitariam da vitória, o que poderia gerar jogos mais atrativos e emocionantes.

Como em outros segmentos da sociedade brasileira, é necessário que esses "privilégios" para os mais fortes sejam revistos, dando mais oportunidade para projetos novos tenham condições de conseguir se destacar, com regras mais igualitárias, priorizando o desempenho e a justiça, sem barreiras que procurem manter o status quo, apenas pensando em proteção de alguns ao invés de democratizar de vez a competição mais democrática do país.




 


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