Campeonato Brasileiro 2020: Análise de Performance R10

Dentro de um ano tão fora da curva para a história da humanidade, o Campeonato Brasileiro da Série A finalmente foi iniciado e, devido a limitação de datas, após 40 dias já chegamos a 25% das rodadas disputadas. Pelo quinto ano consecutivo divulgo essa análise, pois as projeções basadas no histórico estatístico dos anos anteriores tiveram acurácia muito alta.

Por ser um ano tão atípico, com mais de três meses sem jogos, com pouquíssimas semanas livres para treinamento, sem paradas nas datas FIFA nem nas festas de final de ano e ainda com a Copa Libertadores da América e Copa do Brasil sendo disputadas sem nenhuma redução de datas, a temporada vai se estender até fevereiro de 2020. Veremos se o histórico estatístico deste ano se repetirá, ou se, como o próprio ano de 2020, será também fora da curva.

Seguindo o histórico dos últimos 14 anos, seguem algumas constatações que podemos verificar após a R10, visando demonstrar que já é possível constatar algumas consolidações. 

Corrida para o título

Nos últimos catorze anos, em onze campeonatos o campeão brasileiro já estava no G4 (7 campeonatos)  ou era o líder (4 campeonatos). Em três edições o futuro campeão não estava no G4.  Baseado nesse histórico estatístico, seguem abaixo as probabilidades de título com base na R10:

- Liderança : 28,5% 

- G4: 50%

- Fora do G4: 21,5%

A média do aproveitamento do campeão brasileiro com base no histórico estatístico é de 66,7%.Em 2020 Internacional e Atlético Mineiro estão com 66,7% de aproveitamento e são os únicos com aproveitamento de campeão. 

O aproveitamento do Internacional é o mais baixo entre todos os líderes na R10 com 20 times. Em apenas um campeonato tivemos um time com a mesma pontuação, o Botafogo em 2013. Nesse campeonato o Cruzeiro, que estava no G4, foi o campeão.

Se considerarmos que o Atlético Mineiro tivesse vencido o jogo que ainda não disputou, o Galo teria 21 pontos. Essa pontuação é a segunda mais baixa de um líder na R10 num campeonato com 20 times. Em apenas três edições (2006, 2007, 2009) o líder na R10 tinha 21 pontos e o futuro campeão não estava na liderança. Em 2006 e 2007 o São Paulo estava no G4 e em 2009 o Flamengo nem estava entre os quatro melhores.

Baseado na pontuação tanto de Internacional como do Atlético Mineiro, nos campeonatos em que o líder na R10 tinham 20 ou 21 pontos, nenhum dos líderes foi o campeão. Em três das quatro edições nessas circunstâncias o futuro campeão estava no G4. Portanto os times que estão no G4 aumentam ainda mais a probabilidade de serem o futuro campeão. 

Quanto aos anos em que o campeão não estava no G4, a diferença de pontos do São Paulo  (futuro campeão) para o líder era de 9 pontos em 2008. Em 2009 a diferença de pontos do Flamengo (sétimo colocado) era de 7 pontos para o líder, em 2015 o Corinthians (sexto colocado) tinha 3 pontos de diferença do líder. Pela pontuação muito próxima dos times nesta edição e tendo como base a campanha do São Paulo de 2008, quase todos os times ainda têm chance de conquista de título, mas com 21% de probabilidade.

Como base nessa análise é possível projetar que Internacional e Atlético Mineiro têm menor probabilidade de título do que Vasco, São Paulo, Palmeiras e Flamengo, que possuem aproveitamento de G4. 

Por outro lado, com exceção do Atlético Mineiro, todos os outros times que estão entre os sete primeiros irão disputar a Copa Libertadores e a Copa do Brasil, o que provavelmente vai gerar maior desgaste, mais contusões e necessidade de rodar os elencos. O Galo poderá levar vantagem se souber se aproveitar dessa situação, pois terá mais semanas de descanso e aprimoramento.

 

Corrida para o G4

A média para se classificar no G4 com base no histórico estatístico é de 55% de aproveitamento. Até o sexto colocado o aproveitamento está dentro da média histórica. Caso não houver melhoria de rendimento das equipes abaixo dos 14 pontos, a briga pelo G4 irá se consolidar entre os oito primeiros colocados. Pelo aproveitamento e pelos pontos perdidos, Palmeiras estaria no G4 caso tivesse vencido o Vasco no jogo adiado na R1. 

Nos últimos catorze anos a média do número de times que permaneceram no G4 na R10 até o final do campeonato foi no máximo de dois times. Portanto a corrida para o G4 ainda pode ter muitas mudanças. 

Corrida para o G6

O aproveitamento médio dos últimos quatro anos é de 52%. Todos os times do G6 estão com pontuação de G4. Santos, sétimo colocado, está com 50% de aproveitamento e deve brigar pelo G6. Caso o Atlético Goianiense tivesse vencido o jogo a menos, também estaria com aproveitamento de G6. 

Neste ano veremos se haverá manutenção da performance. dos últimos dois anos e se o G6 poderá virar G7 ou G8 como no ano passado.

Rebaixamento 

Nos Campeonatos Brasileiros com 20 times, os times conseguiram em média 38%.de aproveitamento para não serem rebaixados. Athletico Paranaense, Sport, Bahia, Coritiba e Red Bull Bragantino estão com aproveitamento abaixo dos 38%. Botafogo e Goiás também estão com aproveitamento de Z4, mas, por terem jogos a menos, caso tivessem vencido, poderiam estar com melhor aproveitamento.

Nos últimos catorze anos a média de times que permaneceram no Z4 na R10 até o final do campeonato foi pouco menor que dois times. Nos últimos sete anos dois times que ainda não estavam no Z4 já estavam abaixo do décimo lugar na tabela. Portanto todos os times à partir do décimo primeiro lugar precisam ficar atentos para buscarem melhorar performance, pois normalmente no final do primeiro turno, a chance dos times que estão no Z4 escapar é de apenas 25%.

Esses são apenas os primeiros indícios. Ao término do primeiro turno teremos uma visão mais cristalina pois, nos últimos anos, quem ganhou o primeiro turno em 71% das vezes foi o campeão, apenas um time que terminou fora do G4 conseguiu terminar o torneio entre os quatro melhores e quem terminou no Z4 tem 75% de probabilidade de permanecer nessas posições.

Vamos aguardar as próximas 9 rodadas para mais uma avaliação de performance.