Campeonato Brasileiro: Chegou a hora de rever a fórmula de disputa?




A temporada do futebol brasileiro se iniciou no final de janeiro e, como é de costume, os debates sobre a importância dos estaduais, a curta pré temporada, times poupando jogadores para outros campeonatos, desfalques de jogadores que estavam jogando o torneio Pré Olímpico voltaram a ser pauta de debate em vários programas e nas mídias sociais.

Como os campeonatos no Brasil não são tratados como produto, talvez com exceção da Copa do Brasil, os demais são tratados meramente como distribuição de jogos durante a temporada e que no final teremos um campeão. Os jogos são transmitidos pela TV, o torcedor vai aos jogos, compra produtos e tudo fica numa inércia generalizada. 

É claro que uma parte importante dos problemas citados na introdução deste post acabam sendo colocados sob responsabilidade dos campeonatos estaduais, que sabemos que precisam de uma nova formatação em termos de espaço no calendário. 

Por outro lado, uma outra questão que deveria ser melhor debatida é se a atual fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro das Séries A e B é a mais atrativa em termos mercadológicos.

Apesar do recente aumento da média de público nas temporadas 2018 e 2019, muito deste incremento é devido ao Flamengo, que tem forte impacto na média de público devido à sua enorme torcida e também pelo Maracanã ser a arena com maior capacidade. Esses dois fatores juntos acabam impactando diretamente neste incremento.

Devido a este incremento, o Brasileirão Série A chegou a 8,4 milhões de público com uma taxa de ocupação de 51%, um recorde nos pontos corridos e no século XXI. A média de público de 21,5 mil /jogo, atingiu o segundo lugar no ranking histórico, perdendo apenas para 1983, com média de 22,9 mil/jogo, recorde até o momento, e ultrapassou os anos de 1980 e 1987, com 20,9 mil e 20,6 mil respectivamente. 

Mesmo entrando no top 10 das médias de público, o Campeonato Brasileiro ainda está longe das maiores médias de público das grandes ligas, conforme o ranking abaixo:

  1. Bundesliga (Alemanha) - 44.646
  2. Premiere League (Inglaterra) - 38.168
  3. LaLiga (Espanha) - 26.811
  4. Serie A (Itália) - 25.237
  5. Superligue (China) - 23.985
  6. Liga MX (México)- 23.916
  7. Ligue 1 (França) - 22.799
  8. Brasileirão Série A - 22.464
  9. MLS (EUA) - 21.704
  10. Super Lig (Turquia) - 19.361
Fonte: worldfootball.net

De acordo com o relatório "É disso que o povo gosta" (Golden Goal,2007), quanto melhor for o desempenho do Flamengo, maior a média de público no campeonato. Tanto em 2018 como em 2019, a média de público cresceu devido ao desempenho do Flamengo, vice campeão em 2018 e campeão no ano passado. Podemos observar que o top 4 de maiores médias de público do Campeonato Brasileiro é composto por 4 anos em que o Flamengo foi o campeão. 

Devido ao dado acima, a questão que gostaria de postular é :

Será possível chegar no top 5 em média de público nos próximos anos caso o Flamengo não se mantenha no topo da classificação?

No quinto lugar do ranking aparece a Liga Mexicana, que possui uma fórmula de disputa diferente, com o Apertura em turno único e posterior playoffs entre os oito primeiros e o Clausura, dentro dos mesmos moldes. Neste fórmula de disputa a Liga Mexicana tem dois campeões na temporada.

A média de público da Liga Mexicana na fase classificatória gira na faixa dos 23 mil, com os playoffs a média sobe em 10%, com média de 37 mil apenas nos playoffs. No total são 370 jogos sendo 342 na fase classificatória e 28 na fase de playoffs. 

A questão que gostaria de colocar é se não chegou o momento de rever a fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro visando aumentar a média de público aumentando o número de jogos com maior interesse, reduzindo o número de jogos de menor apelo, independente do Flamengo estar disputando o título.

Em breve pretendo publicar algumas simulações.




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