Público e Renda: Campeonato Brasileiro 2017 R34 e R35



Estamos chegando no final do campeonato e após 35 rodadas já temos definidos o campeão (Corinthians) e dois times classificados para a fase de grupos da Libertadores 2018 (Grêmio e Palmeiras). Ainda falta definir mais três e/ou cinco classificados para a Libertadores bem como os 4 rebaixados, além dos times que vão para a Copa Sul-Americana.

As duas últimas rodadas mais uma vez repetiram o padrão deste campeonato. Na rodada do final de semana quase 17 mil pagantes/jogo e na rodada do meio de semana cerca de 13 mil pagantes. Apesar do campeonato de pontos corridos ter vários campeonatos em paralelo, os dirigentes não conseguem atrair seus torcedores para os jogos, mesmo com chances de classificação para a Libertadores da América.

O grande destaque em termos de torcida, como consequência dos resultados em campo, é a torcida do Bahia. Com três vitórias e dois empates nos cinco últimos jogos, o Bahia já é a quarta melhor média de público do campeonato, com 20.770 pagantes/jogo, perdendo apenas para os três grandes times de São Paulo nesse quesito. Em termos de renda bruta, o Bahia é o sétimo melhor com média de R$ 536 mil/jogo. 

Esse fenômeno da torcida do Bahia demonstra mais uma vez que o torcedor brasileiro vai em maior número aos jogos quando o time faz boa campanha. O grande desafio dos gestores dos times é como atrair seus torcedores aos jogos independente dos resultados. Para isso é necessário entender o comportamento da torcida e tomar medidas que possam atrair mais torcedores aos jogos.

O grande campeão em termos de comparecimento de público é o Corinthians. Pelo quarto ano seguido o fenômeno se repete. O time campeão também é time com maior presença de público e de renda. Cruzeiro em 2014, Corinthians em 2015, Palmeiras em 2016 também foram os campeões de público e renda.

Nos dezoito jogos como mandante, 714 mil pagantes foram aos jogos do Timão, o que até o momento gerou uma média de 39.673 pagantes/jogo. As bilheterias da Arena de Itaquera arrecadaram quase R$ 41 milhões no Brasileirão. Pelo contrato com a construtora da arena, todo esse dinheiro é destinado para o pagamento da construção. O Timão deixou de faturar R$ 41 milhões com receitas de bilheteria, um montante que com certeza seria muito bem utilizado na contratação de jogadores.

Uma cena marcante do bando de loucos foi o show que a torcida deu no dia anterior ao jogo contra o Palmeiras. Cerca de 32 mil torcedores foram à Arena para ver o treino. Para se ter uma ideia dessa façanha, o treino do Corinthians seria o quadragésimo quarto público do campeonato, num total de 347 jogos disputados até a R35. 

Além dos totais acima, o Corinthians tem a maior taxa de ocupação do campeonato com 88%, com lotação máxima em dois dos últimos três jogos em casa, sendo o público no jogo contra o Palmeiras o maior público da Arena até o momento. O ticket médio de R$ 56,72 também é o maior do campeonato. 

O torcedor brasileiro demonstra que a questão do preço do ingresso está diretamente ligada à percepção de valor. Quando o time está em boa classificação na tabela ou disputando fases decisivas das Copas, tanto o horário quanto o preço do ingresso ficam em segundo plano na hora da tomada de decisão.

Um dos desafios dos gestores é adequar o preço do ingresso para seu público. Quando os jogos são atrativos o torcedor normalmente paga um valor elevado, pois o produto tem um valor agregado percebido pelo torcedor. 

O desafio é quando o preço cobrado não é adequado. Um estudo divulgado nessa semana, faz uma análise sobre o valor cobrado por alguns clubes em comparação com o salário mínimo do país. Nesta análise, o preço do ingresso popular cobrado pelo Palmeiras corresponde a 8,5% do salário mínimo, o maior preço em proporção ao salário mínimo.

Quando se faz uma análise do ticket médio do Brasileirão até a rodada 35 (R$ 34,75), a proporção ingresso x salário mínimo cai para 3,7%. Mesmo com uma queda de mais de 50%, seria o segundo maior proporcionalmente, perdendo apenas para a Rússia. 



Em qualquer segmento é necessário adequar o preço ao valor percebido do produto e por esse ponto de vista, o preço do ingresso no Brasil precisa ser melhor avaliado. Caso o que se busca é um público com maior poder aquisitivo, o produto e os serviços ofertados precisam atender às necessidades desse mercado. Caso o foco for ingressos mais populares os preços deveriam ser reduzidos, principalmente em locais onde há uma baixa presença de público.

Dentro vários desafios dos gestores esportivos, a questão da precificação e gestão da demanda por ingressos durante a temporada deveria ser melhor trabalhada na gestão esportiva brasileira.



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