Menos é mais?
No último final de semana se iniciou o décimo quinto campeonato brasileiro
da Série A na versão pontos corridos. Quando se decidiu por essa fórmula de
disputa, o grande ponto de melhoria era que todos os times poderiam se
programar para ter jogos até o final do ano.
Até 2002, com a fórmula anterior, os times que não se classificavam
entre os oito melhores ficavam sem jogar em meados de novembro, não tendo como
conseguir receitas adicionais para fechar o ano.
Muitas fórmulas de disputa foram utilizadas nos 40 anos de
Brasileirão, mas a média de público quase não teve muitas oscilações. As médias
de público desde a criação do Campeonato Brasileiro no final da década de 60
são as seguintes:
Anos 60: 20.120 (poucos times, poucos jogos)
Anos 70: 15.441 (inchaço do campeonato, excesso de times e
de jogos, com várias fases)
Anos 80: 17.021 (grande maioria das edições ainda com
excesso de times e de jogos)
Anos 90: 12.556 (início da redução de times e de jogos)
Anos 00: 13.345 (início dos pontos corridos em 2002 com 26
times. Em 2006 com 20 times)
Anos 10: 15.279 (abertura das novas arenas em 2013)
Média geral: 14.980
Em apenas 3 anos a média de público foi acima de 20
mil/jogo: 1970, 1980, 1987. O campeonato de 1970 teve 17 participantes e 142
jogos, o de 1980 teve 44 participantes e 306 jogos, já a Copa União de 1987
teve 16 participantes e 126 jogos. Mesmo o campeonato de 1980, com 44 times,
teve 20% menos jogos que a fórmula de disputa atual. Além disso, em 1980 e 1987
a fórmula de disputa foi através de playoffs nas fases decisivas com o
Flamengo, maior torcida do Brasil, sendo o campeão.
Se formos avaliar por décadas, existe um incremento de média
de público nos últimos 16 anos, mas, após 3 anos de incremento consecutivo,
2016 teve queda na média. A taxa de ocupação também está estagnada nos últimos
3 anos, com média de 42%. Considero a taxa de ocupação muito baixa, por mais
que exista um incremento nos preços dos ingressos nos últimos anos devido às
novas arenas.
Em 2017 o campeonato paulista, com menos times e menos jogos
na fase de grupos e aumento de jogos na fase de playoffs, teve um incremento de
54% na média de público pagante, 69% em arrecadação bruta, 27% em taxa de
ocupação, mesmo com ticket médio 21% mais caro.
No livro Marketing Esportivo: A reinvenção do esporte em
busca de torcedores (Rein, Kotler, Shields), os autores mencionam que os
campeonatos devem contar uma história para serem atrativos. Para o público se
identificar com a história do campeonato, fatores sócio culturais devem ser
levados em conta.
Como estamos na América do Sul, uma região cheia de
contradições, injustiças, má distribuição de renda, reviravoltas e cheia de
particularidades, um campeonato de regularidade, sem muitas emoções,
reviravoltas é o modelo que o torcedor se identifica?
Não defendo o modelo que imperou até 2002, mas será que mercadologicamente
o modelo dos pontos corridos é o mais atrativo e que o torcedor brasileiro mais
se identifica?
Será que chegou a hora de rever o atual modelo, com redução
do número de jogos e mais jogos com mais apelo e emoção, visando atrair mais
público?
Está aberto o debate.
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