A Violência no Futebol
Acabei de ler o excelente livro “A Violência no Futebol” do
professor e pesquisador Maurício Murad, um especialista sobre o tema da
violência nos estádios. O livro é riquíssimo em informações, dados e sugestões
de melhorias para minimizar a atual situação e a percepção de insegurança nos
estádios e arenas brasileiros.
Segundo o autor, a contextualização da violência no Brasil
se replica no futebol, tendo como os principais fatores a impunidade, a
corrupção, a degradação das famílias e das escolas, principalmente as públicas.
Esse conjunto de fatores são as principais causas da violência urbana e,
consequentemente, no futebol.
Juntando-se a esses fatores, temos a entrada do crime
organizado, tráfico de armas e de drogas, consumo excessivo de drogas e álcool,
treinamentos de lutas marciais dentro das torcidas organizadas e a
espetacularização da violência em grande parte da mídia, que também acaba
dissipando e criando uma percepção de violência maior do que realmente é na
prática.
Com a percepção de violência extrapolada, além dos fatores
citados acima, as famílias, mulheres, crianças e pessoas do bem acabam se
afastando e os vândalos, mesmo os que não gostam de futebol, se sentem atraídos
a irem aos jogos para praticar violência. Com menos público, a segurança é
reduzida, as revistas são menos ostensivas, facilitando a entrada de artefatos
que são utilizados como armas dentro dos estádios.
As sugestões de melhorias são de fácil implementação, mas
precisam de perfeita execução e, principalmente, vontade política para mudar o
atual cenário, onde o Brasil é o primeiro do ranking em mortes nos estádios,
além de estar entre os países mais violentos do mundo. O número de mortes no
Brasil é maior do que na Guerra Civil da Síria. A conclusão é que a violência
no Brasil está banalizada, anestesiando a sociedade para mudar o atual cenário.
Corrupção e impunidade são as principais causas dessa
situação de impotência por parte da sociedade, e o que estamos vendo nas
delações premiadas durante os últimos dias só reforçam essa percepção. No
esporte e no futebol, sabemos que essa situação também existe, e já estamos
vendo alguns casos sendo revelados.
Os dados sobre o público alvo para se efetuar as medidas são
os seguintes: são cerca de 125 a 175 mil torcedores organizados os que praticam
violência, jovens (15 a 24 anos), homens (85%), desempregados e baixo nível de
escolaridade, classe média baixa, que se relacionam com gangues urbanas,
consomem drogas e álcool e treinam lutas marciais. Esse extrato da sociedade se
sente acolhido pelas torcidas organizadas, por virem de famílias
desestruturadas e por estudarem em escolas degradadas. Para eles as Torcidas
Organizadas são a verdadeira família deles.
As propostas do autor baseado em pesquisas são: punição no
curto prazo, prevenção no médio prazo e reeducação no longo prazo são as
propostas do autor. Leis existem, basta vontade política, mas aparentemente a
corrupção é a grande barreira para se implementar as medidas.
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