Super Bowl: A transformação de um evento esportivo em entretenimento
Na noite deste domingo teremos um dos grandes eventos do
esporte mundial, o Super Bowl 51, que será disputado no NRG Stadium em Houston.
Desde a década passada, quando a ESPN começou a transmitir o
Super Bowl no Brasil de forma regular, o evento começou a se popularizar no
país, sendo hoje um dos grandes atrativos da TV a cabo, com recordes de
audiência, forte incremente da base de fãs espalhados por todo o país, além de
ter conseguido que a hashtag # ESPNTemSuperBowl49
alcançasse o primeiro lugar nos trending topics mundiais em 2015.
Atualmente o esporte faz parte da indústria do entretimento.
Um evento esportivo é muito mais do que um jogo, vai além das quatro linhas,
com foco voltado para os torcedores, patrocinadores, TV, mídias sociais entre
outros envolvidos. Infelizmente no Brasil essa percepção ainda está muito
distante do que vemos nos Estados Unidos e nos principais países da Europa.
De acordo com artigo do site theconversation.com,
os colunistas esportivos nos anos 1970 e 1980 admitiram que os jogos dos Super
Bowls eram insuportavelmente maçantes, sonolentos e com falta de emoção. Percebendo
que não era possível garantir a emoção do jogo final, os executivos da NFL começaram
a pensar o evento como um espetáculo de entretimento do que apenas um jogo.
Em 1977 foi feito o primeiro show do intervalo, com uma
produção da Disney, e em 1993, com a apresentação de Michael Jackson, o show do
intervalo saltou para o nível que atingiu nos dias de hoje, com vários ícones
da música pop se apresentando, com shows marcantes e um grande aumento da
audiência, atingindo mais de 110 milhões de espectadores nos últimos anos. Ao
perceber o sucesso do show do intervalo, outros eventos começaram a ser
introduzidos, como o hino nacional antes do início dos jogos, os fogos de
artifício, os aviões militares.
Além do show do
intervalo o evento ganhou números mais relevantes devido aos famosos comerciais,
que começaram a gerar uma grande receita, principalmente após o comercial daApple em 1984 . Em 1985 o
valor de cada comercial de 30 segundos atingiu os US$ 500 mil, chegando em 2016
aos inimagináveis US$ 5 milhões para cada 30 segundos.
A prova de que o Super Bowl é hoje mais um evento de entretimento
do que esportivo são pesquisas que demonstram que atualmente os espectadores,
principalmente a geração Y (os Millennials) estão mais interessados no show do
intervalo e nos comerciais inéditos do que em saber quem será o campeão da
temporada. O oposto acontece com os homens mais velhos, que têm mais interesse
no jogo do que no show do intervalo ou nos comerciais.
Voltando para a nossa realidade, percebemos quanto o esporte
brasileiro está distante da visão de negócio que o esporte pode se transformar
no nosso país. Essas transformações que ocorreram no Super Bowl tiveram a visão
de negócio dos gestores, transformando o evento esportivo num dos maiores e
mais valiosos eventos de entretenimento do mundo.
As provocações que deixo para os nossos leitores e
apaixonados pelo esporte são:
Como transformar nossos campeonatos em eventos de
entretenimento?
Como fazer com que sejam muito mais do que um jogo?
Como transformar cada evento esportivo num negócio que vá
além das quatro linhas, com foco voltado para os torcedores, patrocinadores,
TV, mídias sociais entre outros?
Tenho convicção que o primeiro passo é que os organizadores
dos campeonatos, juntamente com os gestores das organizações esportivas, a TV e
os patrocinadores façam uma avaliação do atual status dos campeonatos
disputados no Brasil, tomem algum campeonato internacional como referência,
adotem metas racionais a serem atingidas, definam ações estratégicas para se
atingir essas metas.
Todas essas medidas devem sempre de acordo com pesquisas com
as demandas e as tendências comportamentais dos atuais e dos futuros
torcedores, pois são eles que irão ser os clientes a serem atraídos para esses
eventos.
“Quem tem uma base de dados do seu torcedor tem um tesouro
em suas mãos”.
(Esteve Calzada – Show me the Money)
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