Denver Nuggets x Brasileirão 2016





Após as 10 primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro da Série A de 2016, vamos avaliar o comportamento do torcedor até a R 10 e uma breve avaliação sobre a atratividade do campeonato como produto.

O leitor deve estar estranhando o título, mas vou esclarecer logo no início do post para evitar dúvidas.

A pior média de público da NBA é do Denver Nuggets (14 mil/ jogo) , com uma taxa de ocupação de 74% na Pepsi Arena em toda a temporada regular 2015/2016. Até a R 10 a média de público pagante do Brasileirão 2016 é de 13 mil/jogo com uma taxa de ocupação de 33%.

Apenas 2 times possuem média acima da NBA: Corinthians (31,8 mil) e Palmeiras (30,4 mil) . A maior média de público da NBA na temporada 2015/2016 é o Chicago Bulls com 20,8 mil.

Os outros 5 times que possuem média similar aos times da NBA são:

- Flamengo e Portland Trail Blazers (19,4 mil)
- Cruzeiro  e San Antonio Spurs (18,7 mil)
- Internacional e Huston Rockets (18,1 mil)
- Atlético Mineiro e Indiana Pacers (16,8 mil
- São Paulo e Philadelphia 76rs (14,6 mil)

Os demais 13 times do Brasileirão 2016 possuem média inferior ao lanterna em público da NBA, o Denver Nuggets.

A primeira conclusão que se pode chegar é que se o Brasileirão 2016 fosse jogado em Arenas de Basquete da NBA, não conseguiriam taxa de ocupação total. Não é dessa forma que se deve promover um produto que ainda tem grande potencial de negócios como o Campeonato Brasileiro de Futebol.

Vamos aos números mais detalhados:

A média de 2016 está praticamente igual a 2014 ( 13 mil) e inferior a 2015 (15 mil). O total de público pagante em 2014 e 2016 está praticamente igual (1,3 milhões), já em 2015 o total até a R10 foi de 1,46 milhões.

Em termos de renda e ticket médio 2016 ( 455 mil / 27,23)  está inferior a 2015 ( 562 mil / 31,50), mas superior a 2014 (395 mil/ 25,81).

Referente à taxa de ocupação, a situação é similar a média de público, 2016 (33%), 2014 (34%), 2015 (39%).

Existe uma similaridade entre 2016 e 2014 devido a realização da Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, mas, diferentemente de 2014 onde vários estádios estavam em reforma para a Copa do Mundo, em 2016 apenas o Maracanã e o Engenhão estão em reformas para os Jogos Olímpicos. 

Os times do Rio de Janeiro são os principais responsáveis pela queda de público. Em 2014 e 2015 a média de público pagante dos cariocas era 15 mil, já em 2016 a média caiu para 9,6 mil.O excesso de jogos entre quarta e domingo e a crise econômica que o Brasil está atravessando também podem estar impactando o comparecimento de público nos estádios e arenas. 

Apenas 5 times são responsáveis por 50% do total de público pagante :

1) Palmeiras 183 mil
2) Corinthians 159 mil
3) Atlético Mineiro 100 mil
4) Flamengo 97 mil
5) Internacional 90 mil

Referente à arrecadação total, apenas 3 times são responsáveis por 50% do faturamento com bilheteria:

1) Palmeiras 10,7 milhões
2) Corinthians 8,4 milhões
3) Flamengo 4,6 milhões

OBS: Flamengo é o terceiro em média de renda e público devido aos jogos contra Palmeiras e São Paulo, dois clássicos regionais que atraíram a torcida dos dois times visitantes. Sem esses dois jogos, a média do Flamengo cai para 5,1 mil.

Apenas 3 times conseguem ocupar mais da metade do estádio:

1) Palmeiras e Corinthians - 71%
2) Atlético Mineiro - 56%

Referente ao ticket médio, o Palmeiras também lidera:

1) Palmeiras - R$ 56,37
2) Corinthians - R$ 52,96
3) Internacional - R$ 31,92

Os clássico como são sempre atrativos para a cidade, mesmo com torcida única em São Paulo. A média de público nos clássicos sobe para 21,5 mil. Nos clássicos entre os 11 grandes times do Brasil, também a média de público sobe para 19,5 mil. Mesmo nesses jogos, as Arenas de Basquete atenderiam perfeitamente esse público.

Os outros 9 times não conseguem explorar maiores receitas com bilheteria quando recebem os 11 grandes times do Brasil. A média de público( 9,5 mil), renda (215 mil) nesses jogos é inferior à média do campeonato. Além disso a taxa de ocupação está na média da competição (33%), além do ticket médio também ser inferior (23,00).

A média nos finais de semana é maior do que no meio de semana ( 13,4 mil x 12,3 mil). Essa diferença é muito maior quando se compara o público nas arenas e nos estádios (18,6 mil x 8,3 mil). O ticket médio nas arenas é de R$ 33,69, enquanto nos estádios é de R$ 21,94.  Existem muitos mais jogos pela NBA, tanto no meio como no final de semana, e a média sempre se mantém. 

Esses dados demonstram que o torcedor paga quando é melhor atendido em termos de qualidade e conforto, além de uma melhor experiência ao assistir aos jogos.

Os times que estão no G4 ou após uma sequencia positiva (3 vitórias ou 2 vitórias e 1 empate) atraem o dobro de torcedores em comparação aos demais clubes ( 22,3 mil x 11, 3 mil). O Chicago Bulls teve maior média de público na NBA na última temporada e não se classificou para os play offs.

Os dias e horários com melhor média de público são:

1) Domingo 16:00h - 16,7 mil
2) Quarta Feira 21:45h - 16,2 mil
3) Sábado 16:00h - 15, 7 mil

Os dias e horários com pior média de público são:

1) Sábado 18:30h - 6,2 mil
2) Sábado 21:00h - 7,3 mil
3) Quarta 19:30h - 8,2 mil

Esses dados demonstram que desempenho, arena moderna, jogos aos finais de semana, clássicos e jogos entre os 11 maiores times do Brasil são os grandes atrativos para o torcedor. Essas conclusões não servem para que as outras 9 equipes se conformem com a situação, mas sim buscar formas alternativas para motivar seus torcedores ao comparecerem aos estádios.

A conclusão que se pode chegar é que não há quase nenhum trabalho dos gestores dos times visando explorar maiores receitas com bilheteria. As grandes camisas, os clássicos e o desempenho são os fatores que mais atraem a torcida aos jogos. Os times de menor expressão também não conseguem explorar de uma maneira mais eficiente quando recebem os grandes times do Brasil em seus estádios.

Vamos aguardar se esses fatores se alteram ou se consolidam com o passar das rodadas, mas independente dos números futuros, é inaceitável que o "País do Futebol" não tenha competência para atrair uma média de público superior às Arenas de Basquete da NBA. Os exemplos de gestão do produto estão disponíveis, basta atitude para querer mudar as coisas.










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