A Vaquinha no Precipício



Gostaria de compartilhar a história abaixo para aqueles que estão passando por momentos de dúvidas sobre algumas medidas que devem ou não serem tomadas em suas vidas:
Um monge chinês e seu assistente vagavam pelo interior da China pregando em pequenos vilarejos.
Em um belo dia, quase na hora do almoço, os dois pararam em um pequeno e humilde sítio para pedir um prato de comida.
Os monges são respeitados na China, e por mais humilde que fosse a família, para qualquer pessoa era uma honra serví-los. E assim fizeram.
Ao final do almoço o monge perguntou ao dono da casa:
- Como vocês se sustentam?
O homem respondeu:
- Com o leite que nossa única vaquinha dá. Trocamos leite por mantimentos. É pouco, mas o suficiente para nos sustentar.
O monge e seu assistente se despedira e a família se recolheu para seus afazeres.
Em seguida o monge pediu ao seus assistente:
- Atire a vaquinha no precipício.
O assistente retrucou:
- Mestre, este é o único meio de subsistência deles. Como irão sobreviver?
O mestre insistiu:





Assim fez o assistente, mesmo contrariado.
Alguns anos se passaram e ambos novamente estavam na mesma região quando 
pararam para pedir comida.
Automaticamente o assistente se lembrou do fato ocorrido há um ano, e no local aonde estava a humilde casinha, o que ele viu foi uma bela fazenda, com plantações, gados, etc.
Ao baterem na porta da fazenda, para surpresa deles, quem abriu a porta foi o mesmo proprietário da humilde casinha.
Nesse momento o assistente perguntou:
- Há alguns anos estivemos nesse mesmo local e havia um pequeno sítio e uma vaquinha que sustentava a família com seu leite e agora vemos que existe uma próspera fazenda. O que aconteceu para essa transformação?
O dono respondeu:
- No dia seguinte a visita de vocês, nossa vaquinha sumiu e a encontramos morta no precipício. Devido à situação, tivemos que nos esforçar para buscar novas fontes de renda para nos manter vivos e percebemos que haviam muitas oportunidades que até então não percebíamos. Se não fosse por isso, até hoje estaríamos dependentes do leite que a vaquinha produzia.
Ao saírem da fazenda o monge disse ao seu assistente:
- Muitas vezes nos acomodamos e dependemos de uma vaquinha que dá o leite suficiente para nos manter vivos. Sem a vaquinha eles foram obrigados a se esforçar e conseguiram explorar todo o seu potencial que estava adormecido por causa do leite da vaquinha.

Como diz meu amigo e sócio Venceslau " Nada como um bom salário para acomodar o homem', ou como escreveu o mestre Guimarães Rosa em Grande Sertão, Veredas :"O animal satisfeito dorme".
No livro Não nascemos prontos! – provocações filosóficas de Mário Sérgio Cortella,  também temos algo a refletir sobre o tema:
O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.
Parafraseando o principal motivo do estopim dos protestos que invadiram o Brasil no mês passado:
Não é pelos 40% de multa rescisória, nem pelo plano de saúde ou o ticket restaurante. É pela possibilidade de sermos plenos, felizes e realizados na vida profissional que precisamos jogar nossas vaquinhas no precipício!!!
Caso contrário, podem jogar por você, em um momento em que você não estiver preparado para a queda.
Portanto, ou você se prepara para o tombo ou aguenta o tranco da queda.
Tomar essa decisão ou aguentar o tranco não é para os fracos!



O Nascimento do Novo Homem - Salvador Dalí

 

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